São uma das mais promissoras e estimulantes bandas portuguesas dos últimos tempos. A banda lisboeta editou em Maio deste ano, um dos discos de estreia mais elogiados da crítica especializada nacional e internacional. Os You Can’t Win, Charlie Brown (YCWCB) são seis jovens músicos portugueses que cresceram com um conjunto de diferentes influências, e que souberam criar uma interessante mescla de sonoridades, onde a melancolia dos temas impera, mas em que, simultaneamente, a profusão de sons remete, por vezes, para ambientes luminosos, hipnóticos e cheios de esperança.
Com festa de lançamento em Lisboa de «Chromatic», marcada para o próximo dia 15 de Setembro no Lux, o Eclectismo Musical esteve recentemente à conversa com os YCWCB e podemos ficar agora a conhecer melhor um dos mais interessantes projectos musicais a surgir nos últimos tempos em Portugal.
Eclectismo Musical (EM): Bem, a inevitável primeira pergunta: Como nasceram os «You Can’t Win, Charlie Brown»?
YCWCB: O grupo nasceu numa altura em que o Luís, o Afonso e o Salvador andavam a compor músicas, cada um do seu lado. Começámos a falar uns com os outros para tocar nos temas de cada um e rapidamente percebemos que o que fazia mais sentido era mesmo ter uma banda em que todos participassem, em vez de ter 3 projectos diferentes. Logo a seguir, convidámos o David, que aceitou juntar-se a nós. Foi assim que nasceram os “You Can’t Win, Charlie Brown”. Mais á frente entraram o Tomás e o João, já depois do primeiro EP.
EM: A banda são o Afonso e o Salvador que recebe convidados, sendo um “colectivo” variável e sempre aberto a entradas e saídas, ou podemos considerar que são uma banda de seis elementos?
YCWCB: A dada altura foi essa a nossa ideia, até porque permitia que o Luís e o David estivessem mais à vontade com outros projectos e com a vida pessoal. Mas passado algum tempo percebemos que assim não ia funcionar e que precisávamos de estar todos a fundo na banda. Isso aplica-se às seis pessoas que formam o grupo agora. Esses seis são os “You Can’t Win, Charlie Brown”.
EM: Como é o vosso processo de criação? Em jeito de humor, a guitarra de três cordas é o vosso maior segredo?
YCWCB: Os nossos temas vêm quase sempre de uma pessoa apenas, na sua base, depois são desenvolvidos por todos. Esse processo é muitas vezes feito por email, já que é difícil estarmos os seis a ensaiar com muita regularidade. Se alguém tiver uma ideia, grava e manda para os outros, e vão-se construindo alguns arranjos assim.
Quanto à guitarra de três cordas, não é bem um segredo, é mais um acaso feliz. Um dia o Salvador queria compor e só tinha uma guitarra com 3 cordas, porque o irmão mais novo tinha-lhe partido as outras 3.
YCWCB: Não é um acaso nem tem direito a uma explicação muito complexa.
Foi logo uma das primeiras ideias a surgir. Sabíamos que queríamos um nome curto e forte, e “Chromatic” não só encaixa nesses padrões como define bem o que se passa no disco e tem uma componente visual muito forte, o que também nos atraiu muito e ficou bem representado na capa.
YCWCB: Dizer que a “Over The Sun / Under The Water” define o nosso som é capaz de ser um bocadinho demais, mas é verdade que é provavelmente o tema que mostra melhor o que acontece no “Chromatic”. Tem o lado acústico e o lado mais electrónico, os coros, etc… por aí sim.
YCWCB: Deerhoof; The Flaming Lips; Sigur Rós; Radiohead; Jeff Buckley; Tom Waits.
YCWCB: Depende, uns trabalham, outros estudam, outros fazem mais música ainda – O Luís tem um projecto a solo, o David tem Noiserv, o João toca com os Diabo na Cruz, Feromona, Julie and The Carjackers...
YCWCB: Para já os nossos planos são mostrar a nossa música. Vamos estar no Lux a 15 de Setembro e depois vamos para Inglaterra dar uns concertos no final do mês.