Interviews

[ENTREVISTA] Francisca Cortesão (Minta) (2011)

[ENTREVISTA] Francisca Cortesão (Minta) (2011)
Francisca Cortesão nasceu em 1983 no Porto e, desde cedo, que o seu gosto pela música despertou. Ainda não muito conhecida do grande público, a verdade é que o seu álbum de estreia enquanto singer-songwriter através do projecto «Minta & The Brook Trout» (disponível disco especial ao vivo AQUI) alcançou excelentes críticas nos media especializados, tendo feito parte de algumas das listas de melhores discos do Ano. Tendo-se iniciado nos Casino, colaborou com diversos músicos, sendo que o facto de ter sido escolhida pelo David Fonseca para substituir a Rita Redshoes na banda que acompanha o músico, constitui até agora o seu momento alto e que lhe conferiu alguma maior visibilidade.

Mas Francisca não pára e é uma mulher com sonhos. Recentemente, juntamente com três amigos, criou o projecto «They’re Heading West» que pretende responder a um sonho de Francisca: tocar na costa Oeste dos EUA e Canadá, o que deverá acontecer lá para Setembro deste ano. O Eclectismo Musical esteve à conversa com Francisca e ficámos a conhecer melhor esta promissora artista.

Francisca Cortesão ou Minta? Como te vês e em que pele te sentes melhor enquanto artista?
“Minta” foi só um nome que surgiu na altura em que editei o meu primeiro EP, You, em 2008. E antes disso já fazia música, e usava o meu nome. E depois disso, em todos as bandas que não Minta & The Brook Trout em que colaboro, tenho usado sempre o meu nome. Francisca Cortesão, portanto, é como me sinto melhor. Acho sempre estranhíssimo quando alguém me chama Minta.

Como descobriste a música e a tua veia de «cantautora»?

Cresci numa família muito virada para as artes em geral e também para a música. As paredes da nossa casa estavam cheias de livros e de discos e muito cedo me começaram a levar ao cinema, a exposições e a concertos. Lembro-me de tocar no piano de casa da minha tia-avó antes de ir para a escola primária. Fui para a escola de música pelos dez anos. Por essa altura comecei também a inventar as primeiras canções, mas eram horríveis. A primeira que acho boa, “The Wonderful Miss D” foi escrita quando eu tinha para aí treze anos, para os Casino, a minha banda da altura.

Começaste a tua carreira mais a sério nos Casino. Já deu para perceberes se queres ser uma artista solitária, na acepção mais «singer-songwriter» clássica ou se preferes o “conforto” de pertencer a uma banda?

Gosto muito de tocar e de escrever canções. Tenho a sorte de saber que é isso que gosto mesmo de fazer na vida, e descobri-o muito cedo. Não quero de todo ser uma “artista solitária”, a única razão porque tive uma fase assim foi porque os Casino acabaram e de repente me vi sem banda, mas com canções que queria ver andar. Mas digo-te de caras que o grande prazer de fazer música vem de tocar com outras pessoas, e tenho tido a sorte de trabalhar com músicos maravilhosos nos últimos anos.

 


Lançaste em 2009, enquanto «Minta & The Brook Trout» o teu álbum de estreia, depois do muito bem recebido EP «You». Que balanço fazes do resultado desse lançamento? Para além das excelentes críticas na imprensa especializada sentiste ter chegado às pessoas?

Estou muito contente com o disco, e com a reacção das pessoas. Para além das críticas muito simpáticas aquilo que nos têm dito, nos concertos e através da internet, têm sido só coisas boas. Foi também isso que me levou a querer fazer um espectáculo especial, com convidados, e um novo disco a partir desse concerto. Sai finalmente no dia 11 de Abril (só em formato digital) e chama-se Carnide, em honra da freguesia em que fica o Teatro da Luz, onde gravámos a 19 de Dezembro do ano passado.


A propósito, qual consideras ser o «estado d’arte» da música feita em Portugal?

De alguma maneira, acho que estamos melhor que nunca. Há muita gente a fazer coisas interessantes, e muito diversas. E apesar de as editoras grandes não estarem em condições de apostar em muitos artistas novos, as bandas têm agora outras maneiras de fazer chegar a música às pessoas. A única coisa que espero que venha a melhorar é o número e a variedade de salas para fazer concertos.


Chegaste ao conhecimento das pessoas através das novas tecnologias, quais os canais que continuas a utilizar de uma forma mais activa para comunicares com os teus fãs?

Acho que não tenho propriamente fãs! Mas, neste momento, comunico com as pessoas que nos ouvem sobretudo através do Facebook, para além do meu site (www.minta.me), que actualizo regularmente, e da newsletter que envio sempre que há concertos ou outras novidades. Para partilhar música uso o Bandcamp e o SoundCloud, dois sites que funcionam muitíssimo bem. No início o MySpace foi muito importante, foi como comecei a mostrar as canções, mas neste momento está meio moribundo.

Qual é a ordem do teu processo criativo? Tens um método ou varia consoante o momento?

Nem te consigo responder essa pergunta, de tão anárquico o meu “processo criativo”…

 

Como é a vida profissional/académica da Francisca Cortesão para além dos «alter-egos» musicais?

Vida académica já não tenho, terminei há dois anos um mestrado em Edição de Texto pela FSCH da Universidade Nova de Lisboa e não penso voltar a estudar tão cedo. Fora a música, a actividade profissional que me dá mais gozo é traduzir.

Que nomes colocavas no teu “Festival Ideal”? (Vivos ou não)

Só vivos. Um festival muito calmo com Laura Veirs, Gillian Welch, Conor Oberst, Joanna Newsom, Andrew Bird, Beth Orton.

Estás neste momento a lançar, mais uma vez com o apadrinhamento do Henrique Amaro e da Antena 3, o projecto “They’re Heading West”. Queres explicar a ideia e o rumo que pretendem tomar?

O rumo é oeste! A banda foi formada com o intuito de ir tocar à Costa Oeste dos EUA e Canadá. Sempre quis ir tocar a essa parte do mundo, que é de onde vem quase toda a cultura que consumo. E muito melhor do que ir sozinha tocar as minhas canções é ir com três amigos – o Sérgio Nascimento, o João Correia e a Mariana Ricardo – e tocar canções de todos. Vamos, se tudo correr bem, em Setembro. Até lá, e desde Fevereiro, que foi quando criámos esta ideia de They’re Heading West estamos a fazer um concerto por mês no bar da Barraca, em Lisboa, sempre com uma banda ou artista convidado. O Henrique Amaro convidou-nos para gravar um “concerto de bolso” para a Antena 3 e daí resultou uma espécie de EP de seis músicas, duas minhas (de Minta), duas da Mariana e duas do João (de Julie & The Carjackers).

Quando olhas para ti consegues dizer: “este vai ser o meu plano de carreira”, ou entendes a criação sobretudo como fruição?

Não consigo pensar “este vai ser o meu plano de carreira”, mas porque em geral não consigo pensar a longo prazo. As coisas tem vindo a acontecer, primeiro Casino, depois Minta & The Brook Trout, tocar com o David Fonseca, They’re Heading West, tocar com o B Fachada. Vou andando e vendo, sem fazer grandes planos. Para já está a funcionar bem!

Para terminar, qual é a pergunta que nunca te fizeram numa entrevista e a que sempre quiseste responder?

Não faço ideia. É essa a graça das entrevistas, não sou eu que penso nas perguntas!

Next article [New Album] Panda Bear - Tomboy
Previous article [New Album] Adriana - O Que Tinha de Ser

Related posts

0 Comments

No Comments Yet!

You can be first to comment this post!

Leave a Comment

pt_PTPortuguês
We use cookies to personalise content and ads, to provide social media features and to analyse our traffic. We also share information about your use of our site with our social media, advertising and analytics partners. View more
Cookies settings
Accept
Decline
Privacy & Cookie policy
Privacy & Cookies policy
Cookie name Active
PHPSESSID

Who we are

Our website address is: https://www.ecletismomusical.pt.

What personal data we collect and why we collect it

Comments

When visitors leave comments on the site we collect the data shown in the comments form, and also the visitor’s IP address and browser user agent string to help spam detection. An anonymized string created from your email address (also called a hash) may be provided to the Gravatar service to see if you are using it. The Gravatar service privacy policy is available here: https://automattic.com/privacy/. After approval of your comment, your profile picture is visible to the public in the context of your comment.

Media

If you upload images to the website, you should avoid uploading images with embedded location data (EXIF GPS) included. Visitors to the website can download and extract any location data from images on the website.

Contact forms

Cookies

If you leave a comment on our site you may opt-in to saving your name, email address and website in cookies. These are for your convenience so that you do not have to fill in your details again when you leave another comment. These cookies will last for one year. If you have an account and you log in to this site, we will set a temporary cookie to determine if your browser accepts cookies. This cookie contains no personal data and is discarded when you close your browser. When you log in, we will also set up several cookies to save your login information and your screen display choices. Login cookies last for two days, and screen options cookies last for a year. If you select "Remember Me", your login will persist for two weeks. If you log out of your account, the login cookies will be removed. If you edit or publish an article, an additional cookie will be saved in your browser. This cookie includes no personal data and simply indicates the post ID of the article you just edited. It expires after 1 day.

Embedded content from other websites

Articles on this site may include embedded content (e.g. videos, images, articles, etc.). Embedded content from other websites behaves in the exact same way as if the visitor has visited the other website. These websites may collect data about you, use cookies, embed additional third-party tracking, and monitor your interaction with that embedded content, including tracing your interaction with the embedded content if you have an account and are logged in to that website.

Analytics

Who we share your data with

How long we retain your data

If you leave a comment, the comment and its metadata are retained indefinitely. This is so we can recognize and approve any follow-up comments automatically instead of holding them in a moderation queue. For users that register on our website (if any), we also store the personal information they provide in their user profile. All users can see, edit, or delete their personal information at any time (except they cannot change their username). Website administrators can also see and edit that information.

What rights you have over your data

If you have an account on this site, or have left comments, you can request to receive an exported file of the personal data we hold about you, including any data you have provided to us. You can also request that we erase any personal data we hold about you. This does not include any data we are obliged to keep for administrative, legal, or security purposes.

Where we send your data

Visitor comments may be checked through an automated spam detection service.

Save settings
Cookies settings