Interviews

ENTREVISTA: Emmy Curl (2010)

ENTREVISTA: Emmy Curl (2010)

Aos 20 anos, Catarina Miranda tem já “nove anos de carreira” e é uma multifacetada artista. Nascida num ambiente artístico e beneficiando do isolamento natural provocado por isso ter acontecido em Vila Real, Catarina apresenta um estilo muito próprio em que a melancolia, o encantamento e os ambientes bucólicos transformam as suas composições em momentos de rara beleza. Num mundo criativo que vai da pintura à música e onde se notam os efeitos de não ter crescido num grande centro urbano, Catarina Miranda apresenta o seu mundo encantado pela voz de «Emmy Curl» e com ela poderá chegar muito longe. Se fosse sueca estaria já nas bocas do mundo indie, assim, demorará apenas um pouco mais a chegar onde merece. Encontra-se neste momento a ultimar o seu primeiro disco de originais, com saída prevista para Março e teve recentemente direito a um EP editado através da Optimus Discos, disponível para download aqui! No ano passado teve o seu, até agora, momento mais alto, ao ser a artista escolhida para fazer a primeira parte do concerto dos Eels no Coliseu. Da entrevista que poderão ler em seguida ressalta a maturidade de alguém que apesar da sua juventude é uma artista de corpo inteiro.
 

 

«Emmy Curl». De onde apareceu este nome e como descreves a Catarina e a Emmy? Alter Ego ou apenas personagem de ficção?

 

Emmy foi um nome que me apareceu ainda na pré adolescência…como já pintava e tinha uma ideia de como queria fazer a arte decidi dar-me um apelido. Depois Curl apareceu mais tarde, quando um boom de artistas femininas apareceu também com o nome de Amy ou com uma sonoridade parecida e pensei que o meu nome precisava de uma sustentação até fonética. Caracol é além de ser o símbolo do meu signo (caranguejo) e representar a lua, encontra-se nos meus desenhos desde que me lembro, sempre fiz cabelos e ornamentos em torno de um papel, por isso decidi que se adequava.

Como foi o teu percurso artístico?  Sendo ainda muito jovem, já nasceste rodeada da tecnologia, isso permitiu que Vila Real fosse apenas uma porta para o mundo?

Aprendi a tocar guitarra aos 11 anos, depois nunca parei, os meus pais deram-me algumas aulas de solfejo e estudos clássicos para viola. Quando nos mudámos para uma diferente casa, o meu pai construiu numa cave um estúdio para gravar o projecto dele (e da minha mãe) e aos 14 comecei a gravar muito na base da experiencia, já tinha algumas músicas feitas nesse ano e comecei aquela que seria uma das grandes pontes para tudo o que aconteceu. Não tinha grande consciência do que estava a fazer, aquilo simplesmente dava-me gozo. Para uma menina ouvir nos phones a propria voz é uma descoberta incrível. (e já desde pequena que o meu sonho era ter um gravador!) Quando depois descobri o Myspace e coloquei lá as minhas músicas começaram a chover propostas de concertos e lá ia eu sozinha com uma guitarra tocar para onde fosse.

 

Ao que parece tens uma quase obsessão em ouvir repetidamente as tuas gravações. Sempre à procura do mais ínfimo pormenor a corrigir? O perfeccionismo chega a ser um defeito?
Sim, desde que gravei as primeiras canções, ou impressões, comecei pela caça à “voz “. A minha voz não é assim, eu trabalhei para chegar à voz que tenho e desde cedo tenho uma ideia muito sóbria daquilo que quero transmitir, ainda não cheguei onde quero, mas estou no caminho certo, penso. Havia noites que ficava em claro a ouvir em repeat canções que fizera recentes, e a cada repetição detestava cada vez mais a música, porque encontrava outro e outro pormenor que não ia de encontro ao meu ideal. No dia seguinte, em vez de ir corrigir os erros fazia uma nova. (risos) Eu tomava (e tomo) a música como um processo evolutivo, não me apego demais a elas, porque sei que posso sempre fazer melhor, mas fica sempre uma parte de mim ou um estado de espírito na fórmula da canção.
 

 

Qual é a ordem do teu processo criativo? Tens um método ou varia consoante o momento?

 

Acho que o meu processo criativo é muito igual a todos os artistas, às vezes sem querer ele aparece e quando queres que ele apareça ele nunca aparece. Para mim é facil criar, mas criar e soar mágico é completamente diferente. Aí é que tem o papel da inspiração, criar é fácil, mas estar inspirado para criar é muito mais complexo.
Para mim quando estou isolada crio mais fluentemente, Vila Real, como digo, é um antro de isolamento e inspiração, parece que tudo o que crio dalí ecoa nas montanhas para o Mundo, faz tudo parecer maior.
 

 

Como classificas os três anos que passaste no Conservatório Regional de Vila Real e, de uma forma mais abrangente, qual é a tua visão relativa ao ensino musical clássico em contraponto ao, cada vez maior, «autodidactismo» potenciado pela tecnologia?
Eu respeito todos os artistas e pessoas que pensam que a formação clássica musical é o melhor meio para quem quer seguir música. Eu apenas retirei o que achei necessário de tudo aquilo, poderei estar enganada, porque há sempre mais para aprender, mas o meu caminho, achei, era outro. Tenho hoje visibilidade de dois pontos de vista diferentes, para mim acho que devemos tirar só o necessário para o caminho que queremos fazer, de modo também a influenciarmo-nos mais localizadamente e com mais interesse, porque estamos a aprender o que vai servir para andar o que eu queremos ser. Por outro lado acho que o ensino nunca é demasiado. Um ponto de equilíbrio entre os dois seria o ideal. 
Portanto dou graças por ter aprendido aqueles poucos anos de formação clássica que me serviram até hoje, mas para mim, como um ser influenciável, acho que fiz bem em ter feito outro caminho, há coisas que nos esquecemos que temos cá dentro quando nos ensinam como devemos fazer algo, e toda a minha música à parte do tecnicismo instrumental é toda transmitida primitivamente na melodia e na mensagem.

 

 

Qual consideras ser o «estado d’arte» da música feita em Portugal?

É difícil abtrairmo-nos das dificuldades em singrar enquanto musico num país com um mercado e um investimento cultural tão pequeno. Existe muita oferta musical, é um facto, e facilidade em ouvir o trabalho dos grupos. Gostava de ver mais artistas Portugueses a vingar no estrangeiro, sem medo de arriscar. Gostava que se desse valor à Arte. Gostava que as pessoas percebessem que a arte tem toda a importância para a base de uma sociedade saudável.

 

Como é a vida profissional da Catarina para além da Emmy Curl? 
Para além do meu projecto musical estou inserida no espectáculo Rouge encenado e criado por João Fino, uma fusão de teatro e música, que vai dar muito que falar em breve. Tenho um outro projecto pronto a ser editado chamado Deep:her, com o Gijoe. Tenho um projecto alternativo com a Dama Bete, mais electrónico indie: Cherry Sparks. Participei recentemente numa faixa de Frankie Chavez, que vai lançar um CD em breve. Costumo colaborar com Djs e outros músicos sempre que possível.

 

Que nomes colocavas no teu “festival ideal”? (Vivos ou não)
Little Dragon, Goldfrapp, José Gonzalez, Ivy, Telepopmusik, Bjork, para fechar Edith Piaf e Amália.

 

 

O que achas dos novos veículos de comunicação, és uma utilizadora convicta? Que meios utilizas?

Sim…uso facebook (risos), mas apenas para partilhar música ou informações úteis a todos…Não concordo com partilhas muito pessoais, porque nunca sabemos quem vai ler. Apesar de eu ser um pouco à moda antiga concordo que é útil para todos, e um grande passo na evolução da humanidade se usado correctamente.
Uso também o
Myspace (http://www.myspace.com/emmycurl) e Youtube (http://www.youtube.com/user/emmyfairyswispers).

 

 

Uma última questão, tens planos/objectivos de carreira definidos?

 

Estou a gravar o meu primeiro CD, em Março estará à venda nas lojas!

Next article Hino de uma Geração
Previous article A Descobrir: The Head And The Heart

Related posts

0 Comments

No Comments Yet!

You can be first to comment this post!

Leave a Comment

pt_PTPortuguês
We use cookies to personalise content and ads, to provide social media features and to analyse our traffic. We also share information about your use of our site with our social media, advertising and analytics partners. View more
Cookies settings
Accept
Decline
Privacy & Cookie policy
Privacy & Cookies policy
Cookie name Active
PHPSESSID

Who we are

Our website address is: https://www.ecletismomusical.pt.

What personal data we collect and why we collect it

Comments

When visitors leave comments on the site we collect the data shown in the comments form, and also the visitor’s IP address and browser user agent string to help spam detection. An anonymized string created from your email address (also called a hash) may be provided to the Gravatar service to see if you are using it. The Gravatar service privacy policy is available here: https://automattic.com/privacy/. After approval of your comment, your profile picture is visible to the public in the context of your comment.

Media

If you upload images to the website, you should avoid uploading images with embedded location data (EXIF GPS) included. Visitors to the website can download and extract any location data from images on the website.

Contact forms

Cookies

If you leave a comment on our site you may opt-in to saving your name, email address and website in cookies. These are for your convenience so that you do not have to fill in your details again when you leave another comment. These cookies will last for one year. If you have an account and you log in to this site, we will set a temporary cookie to determine if your browser accepts cookies. This cookie contains no personal data and is discarded when you close your browser. When you log in, we will also set up several cookies to save your login information and your screen display choices. Login cookies last for two days, and screen options cookies last for a year. If you select "Remember Me", your login will persist for two weeks. If you log out of your account, the login cookies will be removed. If you edit or publish an article, an additional cookie will be saved in your browser. This cookie includes no personal data and simply indicates the post ID of the article you just edited. It expires after 1 day.

Embedded content from other websites

Articles on this site may include embedded content (e.g. videos, images, articles, etc.). Embedded content from other websites behaves in the exact same way as if the visitor has visited the other website. These websites may collect data about you, use cookies, embed additional third-party tracking, and monitor your interaction with that embedded content, including tracing your interaction with the embedded content if you have an account and are logged in to that website.

Analytics

Who we share your data with

How long we retain your data

If you leave a comment, the comment and its metadata are retained indefinitely. This is so we can recognize and approve any follow-up comments automatically instead of holding them in a moderation queue. For users that register on our website (if any), we also store the personal information they provide in their user profile. All users can see, edit, or delete their personal information at any time (except they cannot change their username). Website administrators can also see and edit that information.

What rights you have over your data

If you have an account on this site, or have left comments, you can request to receive an exported file of the personal data we hold about you, including any data you have provided to us. You can also request that we erase any personal data we hold about you. This does not include any data we are obliged to keep for administrative, legal, or security purposes.

Where we send your data

Visitor comments may be checked through an automated spam detection service.

Save settings
Cookies settings